Grande parte das pessoas com deficiência no Brasil ainda está fora do mercado de trabalho. Algumas por falta de qualificação ou de oportunidades. Outras preferem manter a segurança de uma aposentadoria a correr riscos no mercado de trabalho.
Vários países usam o sistema de cotas para assegurar a contratação de pessoas com deficiência pelas empresas. Em muitos países desenvolvidos esse sistema já se encontra extinto. O Brasil ainda necessita desse recurso para tentar amenizar as desigualdades e preconceitos em relação ao trabalho das pessoas com deficiência. A Lei de Cotas, nº 8.213 de 1991, obriga empresas com cem funcionários ou mais a reservarem um percentual de 2% a 5% das vagas para pessoas com deficiência. Foi um grande avanço para esse segmento da população. Sinceramente, ainda espero que nosso país passe a respeitar a população com deficiência da mesma forma que países do primeiro mundo e não precisemos mais de leis como essa.
Mesmo com a Lei de Cotas e as melhorias nas questões de acessibilidade - tais como adaptações nos meios de transporte/comunicação e a existência de escolas realmente inclusivas -, várias empresas ainda não conseguem cumprir o previsto na Lei de Cotas. O setor bancário é um dos que mais sofre com isso.Nos bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, a admissão de funcionários somente é realizada através de concurso público. Reserva-se, normalmente, 10% das vagas para pessoas com deficiência. Os candidatos são recrutados de acordo com as vagas existentes no seu pólo de classificação. Se compararmos o quantitativo de funcionários com deficiência e o total de empregados, veremos que ainda são poucos os empregados com alguma deficiência. Os bancos privados também sofrem para cumprir a Lei de Cotas, embora a forma de contratação seja mais flexível que a dos bancos públicos. Visando reduzir esse problema, a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), criou, em 2009, o programa FEBRABAN de Capacitação Profissional e Inclusão de Pessoas com Deficiência no Setor Bancário, cujo objetivo é “selecionar e incluir profissionalmente pessoas com deficiência interessadas em atuar no setor bancário, de modo a oferecer capacitação profissional durante cerca de 6 meses, abrangendo aulas de língua portuguesa, matemática financeira, etiqueta empresarial, informática, negócios bancários, negociação e vendas.”
Nesse ano, o programa inovou incluindo também pessoas com deficiência intelectual. Sabemos que esse segmento tem dificuldades ainda maiores para sua inserção no mercado de trabalho. O programa, que conta com parceria da AVAPE, visa capacitar e incluir 444 pessoas com deficiência, sendo 31 profissionais com deficiência intelectual, nas agências dos bancos que fazem parte do projeto: BANIF, Bicbanco, Bradesco, Citibank, Cruzeiro do Sul, Carrefour Soluções Financeiras, HSBC, Itaú - Unibanco, Safra, Santander e Votorantim. O processo de capacitação profissional é feito pela AVAPE.
Mais informações sobre o Programa podem ser encontradas em www.febraban.org.br/oportunidade.Fonte: Rede SACI - Belo Horizonte - MG, 27/06/2011